terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A saga de Dona Maria Luisa

Bom, tudo começou com o trabalho bimestral de geografia desse mês, é o ultimo bimestre.. já passei de ano.. Estamos cansados.. Vestibular batendo a porta, entrando e saindo.. no início surgiu um desinteresse esperado, porém a causa era nobre: Conceituar o capitalismo de diferentes níveis sociais, com um vídeo e uma ação social.
Diante disso, não pude me ater ao conformismo de aluno desinteressado que sou (momentaneamente, tô cansado pô) . Avante, pois! Não sabia por onde começar, eu e meus colegas de equipe pensamos em algo como entrevistar, mostrar a casa e condições de vida de uma família rica e outra família pobre e doar cestas básicas.


Foi quando saí pra pescar com o meu pai, no meio do caminho, na localidade de Piripiri,rodovia que liga Iguatu ao Cariri, e vi aquela cena típica nordestina pobre. Era a Dona Maria Luisa que vinha com um balde d'água na cabeça, com a expressão máxima do quão difícil é ser pobre no Brasil. Naquele mesmo instante me ocorreu de ela ser a família pobre do meu trabalho, saquei o celular do bolso e tirei uma foto, conversamos, ela me mostrou a casa dela, de taipa, caindo os pedaços, tive a plana certeza de que o trabalho bimestral não era mais só pela minha nota no boletim.

Saí de lá com o coração felicitado em poder ajudar aquela família de 13 pessoas, 11 crianças e mais 2/3 filhos mais velhos. Na escola tomei a liberdade de passar por cima dos meu camaradas e decidi que a história dela é que iria ser o nosso trabalho. Com a liberdade e amizade que temos, isso não foi impensílio.

Voltei lá hoje, com o meu amigo Alisson, com uma cesta farta de alimento.. Ela muito alegra e contente me recebeu logo com um caloroso: "- Você voltou mesmo heinn?!", logo em seguida me conta que o Bolsa família dela, a renda da família de R$ 130/mês, havia sido cancelada. Alisson muito ágil começou a filmar... Ela reclamava e dizia que nós vínhamos em boa hora. E esse é só mais um dos problemas da família, Dona Luisa me dizia que a água que o "carro pipa" trazia era despejada nas cisternas de uma moradora que vendia a água!!! Como o Marido dela não tinha dinheiro pra pagar a um "tal motor que apareceu e quebrou" a família tinha que se virar com a água do açude.

O Marido trabalha na roça, aposentado, o dinheiro vai todo para a prestação da casa que comprou. A casa? Um casebre. As telhas quebradas e as paredes de barro rachadas, dentro, porém, o contraste e a desigualdade do capitalismo em que vivemos: Geladeira (só água), DVD, e a Televisão, nova, que a D. Luisa tinha acabado de comprar.. Pretendia pagar com a Bolsa Família, mais agora ela me perguntava: "Como vou fazer? E agora?".

Nunca acompanhei tal situação. De repente senti que apenas a minha cesta básica (nessa altura já extraviada pelas crianças) não era bastante, toda a ajuda de outros alunos, da nossa equipe em juntar alimentos não vai servir de muito.

O bastante é ver como a história da Dona Luisa mexeu comigo e com o meu amigo, e como mexerá com todos na escola. Nunca me senti tão importante pra alguém. Aprendi que mesmo sendo temporária, a ação de ajudar e proporcionar a alegria que vi no rosto da família da Dona Luisa, o alívio de por alguns dias não comer só arroz branco como ela me dizia que havia comido ontem... ai ai.. Porém ainda não é o suficiente, não importa o que façamos o sistema não nos deixa revolucionar.

Um comentário:

  1. a melhor coisa q aprendi com esse trabalho é o qnto sou mal agradecida pelo oq eu tenho. Essa familia mesmo sem ter oq comer , vestir ou se divertir sempre foi um exemplo de q a fé prevalece em toodos os casos !

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